Na moda, os desfiles acontecem para revelar a coleção das marcas, criando toda uma atmosfera que transmita o conceito criado pelo diretor criativo. E para que isso se concretize, é necessário pensar na coleção, cenografia e performance paralelamente. É aí que, mais uma vez, arquitetura e moda se cruzam!
Antigamente, o próprio atelier se transformava no espaço do desfile, porém, para proporcionar uma experiência completa, os ambientes passaram a ser projetados especialmente para esses eventos. São pelas locações, montagens, iluminação, trilhas e catwalk que as produções dos desfiles se transformam em fashion shows, levando os espectadores a um universo criado especialmente para aquele momento. Dentre os escritórios especializados em traduzir esses cenários, existem dois nomes muito conhecidos no mercado: AMO – do arquiteto Rem Koolhaas – e Bureau Betak – do designer Alexandre de Betak. Vamos de exemplos?
Na coleção masculina de Outono/Inverno 2023 da Prada, a AMO – braço de pesquisa e design do OMA, escritório de arquitetura de Rem Koolhaas – foi responsável pelo projeto cenográfico. A coleção de Miuccia Prada e Raf Simons explora os fundamentos da moda, com contradições como conforto, exagero e intimidade, e, para isso, a AMO optou por buscar essas mudanças de perspectivas no ambiente do desfile. Realizado no Deposito da Fondazione Prada, o teto do hall sobe lentamente e expõe lustres imponentes que, aos poucos, iluminam o ambiente e revelam a materialidade industrial da sala. Logo depois, ele retorna a como estava inicialmente e cria essa transição entre uma sala escura e baixa para um espaço monumental, e assim por diante.
Já a Bureau Betak – produtora de eventos do mercado de luxo, moda, beleza e arte – vem colaborando com as mais diversas marcas de moda desde 1990. A empresa preza muito pela sustentabilidade e, segundo Alexandre de Betak, o mais desafiador é inovar a cada temporada e fazer com que a plateia seja tocada de alguma forma. Assinado por Alexandre, o desfile belíssimo da Dior na temporada de Alta Costura 2014 ocorreu em um espaço branco nos jardins do Museu Rodin, e contou com 150 mil orquídeas naturais, além de espelhos posicionados estrategicamente que davam a impressão de multiplicar esse número. A coleção já iniciava com flores nos vestidos, inspirados em Maria Antonieta.
Demais, né? Acho incrível esse universo novo que os desfiles conseguem proporcionar!
Beijos, H.