
A Paris Fashion Week teve início na segunda-feira e é o último país do roteiro da temporada de inverno. E já que ultimamente estamos falando muito sobre o universo feminino, selecionei os desfiles da Dior e Chloé para compartilhar com vocês as coleções dessas duas marcas que possuem diretoras criativas incríveis.


Começando pela Dior, que está sempre dividindo opiniões em suas novas coleções. A maison apresentou seu desfile na terça-feira e conta já há 8 anos com a direção criativa da estilista italiana Maria Grazia Chiuri, que traz para a temporada de inverno silhuetas mais clássicas com muita reinterpretação de coleções passadas da marca.


Essa coleção especificamente, tem como inspiração a linha do prêt-a-porter nominada de “Miss Dior”. Criada em 1967, essa subdivisão da Dior tinha como diretor criativo Marc Bohan que visava trazer diferentes desenhos de roupa, produzidos em maiores quantidades e em diversos tamanhos. A maison foi uma das primeiras a adotar um modelo de negócios mais industrial e aberto aos compradores.


O desfile é inspirado nos movimentos estudantis e culturais da época e traz um tom rebelde de forma bem contida e elegante às peças, utilizando grafismos escritos “Miss Dior” nas roupas, como se tivessem sido escritas à mão com pincel, harmonizando com peças com recortes bem clássicos dos anos 60 como as minissaias, as golas altas, vestidos mais retilíneos, as botas de cano alto e até mesmo o jeans aparece pontualmente. Utilizando muito dos tons neutros como o marrom, branco e preto e silhuetas menos rígidas e alfaiatarias mais confortáveis.




Tudo tem um tom bem clássico, mas com a ideia contemporânea de conforto e comparado com alguns desfiles passados, Maria Grazia ousa um pouco mais nesse utilizando das transparências e comprimentos menores, ainda assim com seu tom mais recatado já que as peles à mostra ainda são cobertas por meias-calças e segundas-peles, mas ainda se comunicando muito bem com a essência e identidade da Dior.


Já na quinta-feira, tivemos o retorno da Chloé para essa temporada de inverno, um desfile cheio de espera e ansiedade por se tratar do debut de Chemena Kamali como diretora criativa da marca. A estilista alemã entrou como estagiária na maison e atuou durante alguns anos e foi chamada para fazer parte da equipe da Saint Laurent, até que novamente foi chamada para substituir o lugar de Gabriela Hearst como diretora criativa da marca.


Kamali nessa coleção também olha coleção para peças passadas apresentados pela marca, ainda mais pela estilista ter vivenciado de perto várias fases da Chloé. Porém, ela se refere diretamente nos códigos de Karl Lagerfeld e traz os elementos e conceitos já bem conhecidos da marca desde que foi fundada por Gaby Aghion.


Com muita estética boho e inspiração nos anos 70, o desfile conta com uma cartela de cores em tons terrosos e claras com silhuetas modernas e confortáveis, cheio de vestidos bem fluidos, babados, renda, botas de cano alto, batas, regatas de alças finas e muita transparência. Uma moda muito descolada e contemporânea, porém sem deixar de lado os códigos estéticos clássicos da marca como os acessórios e cintos dourados, os casacos mais estruturados e em pelúcia e aplicação das franjas em diversas peças.




O desfile segue muito um conceito de empoderamento feminino e de “mulheres livres” não só na visão sociológica, mas de forma literal também quando se diz em relação às roupas. Não vemos nada muito apertado e desconfortável, é um desfile que foca suas peças para o cotidiano corrido da mulher moderna.


Em 2023 muitas críticas foram feitas em relação à quantidade de mulheres no mercado e agora em 2024 isso se reflete nas marcas e conceitos que exploram muito a feminilidade na sua forma mais pura e simples. É muito lindo e interessante ver como as designers re-interpretam essas críticas e empoderam nós compradoras, por isso, acompanhar as semanas de moda para mim já é tradição, além de um momento incrível em que nós podemos todas nos conectarmos. Ainda terão mais desfiles durante os próximos dias das maiores e mais tradicionais maisons e mal posso esperar para vir compartilhar com vocês.
Beijos, H.