E chegou ao fim a primeira semana de Alta Costura do ano, evento que costuma marcar o calendário fashion com as principais tendências e novidades que podemos esperar para os próximos desfiles e eventos do circuito. Recheadas de referências fashionistas que revisitam a moda de décadas passadas, ou ainda, que especulam acerca de uma moda futurista, as coleções desfiladas refletem, de uma forma ou de outra, mecanismos de escape para uma nova e otimista realidade. Confiram a seguir os principais highlights dessa importantíssima semana de moda!
GIAMBATTISTA VALLI
A nova coleção de alta costura assinada por Giambattista Valli não teve uma inspiração direta, mas reflete o desejo do estilista de levar seus espectadores a um passeio pelos principais códigos e expertise da marca. Seguindo seu instinto criativo e seu traço tipicamente romântico, sensual e feminino, o designer apresentou uma coleção recheada de volumes (o icônico tule não poderia faltar), camadas, silhuetas infladas e laços robustos – aquele exagero super girly que representa a estética da marca.
SCHIAPARELLI
Se tem uma coleção que impressionou nessa semana de alta costura, essa coleção definitivamente foi a assinada por Daniel Roseberry para Schiaparelli. O surrealismo que transita entre todas as coleções do estilista foi elevada a um outro nível – vestidos orbitais, shapes esculturais em todos os sentidos da palavra, alfaiataria impecável e acessórios que poderiam vir de outro mundo remontam uma ficção em que tudo é uma realidade possível – e deslumbrante!
DIOR
Maria Grazia Chiuri sempre busca imprimir senso de humanidade em suas coleções e, para sua nova alta costura à frente da Dior, a estilista focou no trabalho minucioso – e coletivo – que poucos enxergam por de trás das técnicas empregadas na alta costura. Numa paleta composta por preto, branco e tons de cinza, ela buscou demonstrar a diferença entre decoração e construção. O resultado foi um desfile repleto de peças inteiramente compostas por bordados extremamente complexos, além da simplicidade polida e sofisticada da alfaiataria perfeita e de códigos da marca, como a silhueta do New Look, que sempre marca presença em suas coleções.
CHANEL
Com um quê anos 20, a nova coleção de Virginie Viard para a Chanel aporta um novo senso de leveza à alta costura da marca. Carregada de novas leituras dos clássicos da grife, como os icônicos terninhos Chanel que surgem com novos shapes no colarinho e lapelas bordadas com cristais, a coleção ganha um twist dinâmico e super girly em babados de chiffon, transparências sofisticadas, plumas e franjas.
ALEXANDRE VAUTHIER
Em sua nova alta costura, Alexandre Vauthier brinca com referências à década de 1920 em novos cortes, perspectivas e proporções – botas inspiradas na Art Deco são, para o estilista, uma forma de desconstruir e modernizar suas referências aos “anos loucos”. Interpretações do New Look – silhueta acinturada que marcou a moda dos anos 1950 – também transitam entre as referências da coleção, com destaque para blazers estruturados e com ombreiras marcantes combinados a calças bem folgadas, numa modelagem slouchy.
VALENTINO
Não é de agora que Pierpaolo Piccioli questiona os estigmas da moda. Em sua nova alta costura para a Valentino, o estilista lança seu olhar irreverente contra a ditadura da magreza – por mais que ainda não abranja toda a diversidade de corpos, seu casting de modelos representou uma ruptura com os padrões da cena fashion – padrões esses que são ainda mais rigorosos quando falamos da haute couture. Intitulada “Anatomia da Alta Costura”, a coleção carrega o traço extremamente técnico e preciso do designer em cores vibrantes e silhuetas mais dinâmicas e glamourosas do que nuca – uma prova de que a sofisticação não tem shape nem tamanho ideal. Bravo!!
JEAN PAUL GAULTIER
A alta costura Jean Paul Gaultier foi, dessa vez, interpretada pelo traço inventivo e tipicamente divertido de Glenn Martens, diretor criativo da Y/Project e Diesel. Em sua coleção, Martens experimentou novas criações a partir dos principais códigos da marca – as icônicas listras de marinheiro de Gaultier, por exemplo, surgem reinventadas em um vestido revestido por corais falsos, numa releitura que mistura precisão e humor. O drama e a sensualidade que já estão impregnados na herança de Gaultier também não poderiam ficar de fora: silhuetas voluptuosas, transparências e corsets reinventados marcaram a coleção.
FENDI
Em sua nova coleção haute couture para a Fendi, Kim Jones continua a buscar inspiração em Roma – seja navegando pelo imaginário acerca do presente, do passado ou do futuro da cidade, Jones sabe como explorar diferentes facetas de uma mesma fonte de inspiração sem cair na mesmice. Dessa vez, sua proposta foi trazer elementos estruturais da cidade em uma perspetiva futurista, quase espacial – vestidos de veludo escuro carregam pinturas de estátuas romanas, paisagens da cidade surgem em estampas, peplos (os vestidos típicos da Roma Antiga) ganham um gostinho de ficção científica e uma paleta predominantemente escura alude a uma Roma de outro mundo.
Beijos, H.