FASHION
QUANDO A DECORAÇÃO SE TRANSFORMA EM MODA

17 de novembro de 2023

Na última edição da São Paulo Fashion Week, a coleção da marca carioca Handred chamou a atenção pelo seu conceito e tradução para o vestuário. O diretor criativo André Namitala se inspirou e homenageou a obra do arquiteto e designer Sergio Rodrigues, conhecido no Brasil e no exterior como o criador do móvel genuinamente brasileiro, como a famosa Poltrona Mole, lançada em 1957. De que maneira obras de um artista viram uma coleção de moda? Vamos ver as ferramentas utilizadas durante a passarela da SPFW!

Desde muito jovem, em um de seus primeiros empregos, Namitala se deparou com um modelo da cadeira Kilin no escritório de sua chefe e logo percebeu: era amor à primeira vista. Aquela peça virou um item de desejo para ele e, na coleção apresentada na última semana, em parceria com o Instituto Sergio Rodrigues – organização responsável pela preservação do legado do designer e arquiteto – desenvolveu estampas que partiram de desenhos de ambientes e croquis de móveis incorporando ao universo da Handred, como a utilização do bordado, além de explorar materiais e técnicas comuns no âmbito da decoração, como o estofamento e o capitonê, além de, pela primeira vez, se aventurar a utilizar o couro – característico das mobílias – não apenas nos acessórios, mas, também, nas roupas.

As formas e silhuetas são influências marcantes no decorrer do desfile, da mesma forma que as experimentações têxteis, texturizando o linho, a seda, o veludo e unindo a elementos do designer, como a madeira e espelhos – a linha Cuiabá foi bastante explorada, inclusive. Alguns elementos mais pontuais, como bolsos com cara de gaveta, botões forrados como os de almofada e padronagens com patchwork que remetem ao piso de taco, muito comum a partir dos anos 1960, também estão presentes e têm suas significâncias. A cartela de cores era de tons neutros e, se aproximando novamente das obras de Sergio Rodrigues e até mesmo da escola modernista brasileira, se destacava em alguns momentos pela utilização do vermelho. 

O diretor criativo já havia deixado claro que o modernismo era uma inspiração em seu trabalho, com traços limpos e simples nos desenhos e cortes das roupas, pela quantidade menor de cores e materiais e, obviamente, por abordar temas nacionais. O conceito foi para além, se encontrando nos próprios valores da marca, que preza pela longevidade das peças – e nada mais duradouro do que pensar em mobiliário, né? Outra proposta interessante foi o reaproveitamento de couros e madeiras que seriam descartados do ateliê do arquiteto, que busca essa aproximação e preocupação da marca pela sustentabilidade. O resultado é impressionante!

Duas áreas do design coexistindo! Demais, né?

Beijos, H.

TAGS:

arquitetura, desfiles, fashion week, moda
Share on pinterest

PINTEREST

Share on facebook
Share on twitter
Share on email

COMPARTILHAR

COMENTÁRIOS

Mais artigos