A London Fashion Week, que comemora 40 anos de evento, iniciou na sexta-feira e é sempre uma alegria prestigiar os desfiles e acompanhar os trabalhos dos designers. Apesar de muitos desfiles incríveis que aconteceram durante esses dias, separei dois deles que me encantaram e que combinam muito com o momento que estamos vivendo culturalmente e na moda: a valorização das mulheres e da feminilidade.
Começando pela designer irlandesa que está ditando tendências e é a principal responsável pela ascensão do coquette core, Simone Rocha apresentou um desfile um pouco mais subversivo do que estamos acostumados, mas sem deixar de lado aquele DNA super fofo e feminino que ela já vem trazendo como marca pessoal nos desfiles passados.
O desfile, nomeado como “The Wake”, vai explorar um signo e uma inspiração já muito conhecida por Simone: a era vitoriana, porém, através da perspectiva do luto. Ainda trazendo os detalhes mais conhecidos do seu trabalho, como os laços, o tule e as rendas, desta vez eles aparecem misturados com códigos mais sensuais e uma ambiência um pouco mais sombria, protagonizados pelas transparências, comprimentos mini e corsets, além de looks que cobrem o corpo em preto, trazendo essa sobriedade, e peças que trazem um ar quase fantasmagórico pelo seu caimento e transparência esbranquiçada. Outras peças também chamaram muita atenção por irem um pouco ao contrário dessa estética: as bolsinhas de cachorrinho e os casacos com aplicação de pelúcia deram o nome ao desfile. So cool!
Nessa coleção, a designer parece encontrar um balanceamento perfeito nas relações entre a hiper feminilidade e o poder, a estética fofa e o sensual. Por isso, não é surpresa que Simone Rocha seja a queridinha dessa geração e venha, a cada dia, conquistando os nossos corações apaixonados por moda.
Outra designer que marcou demais essa semana foi Dilara Findikoglu, de ascendência turca e ex-estagiária de John Galliano. A estilista tirou suspiros com a sua coleção cheia de drama e teatralidade. Com designs super provocativos e inovadores, ela já é conhecida pelas suas referências fetichistas e looks ousados com temáticas mais críticas e contemporâneas.
Assim, não seria diferente nesta temporada. Com a coleção “Femme Vortex”, Dilara traz uma crítica à masculinidade tóxica e às regras sociais impostas às mulheres. Através de sua coleção, a estilista trabalha a ideia de um mundo utópico, onde mulheres fazem o que querem e se vestem da forma que desejam.
Em um desfile completamente disruptivo, as peças comuns que já conhecemos passam a ter outras funções no corpo. Botas amarradas que viram um top, camisas sociais e meias-calças viram saias (e gravatas também). Cintos são usados como corsets e nessa coleção não existem limites para as sobreposições. A emoção e criatividade dos looks se escondem nos mínimos detalhes, como o top com capuz todo feito com chaves, ou os vestidos super volumosos e estruturados com laços. Os looks feitos em couro são um show à parte. Foi, de fato, um desfile que buscou trazer mais feminilidade, poder e sensualidade às mulheres de forma livre.
As semanas de moda são ótimos momentos para os designers criarem de forma mais livre, podendo fugir daquele look comercial e trazerem suas ideias, visões de mundo e críticas à vida na passarela. Sempre tocando o nosso lado mais emocional, é sempre um espetáculo e a ansiedade por aqui para conferir cada nova coleção é indescritível! Me contem qual foi o look preferido de vocês?
Beijos, H.